PUBLICADO POR JUREMIR MACHADO EM http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=7341
Pesquisa de Opinião Pública
Comportamento
A opinião dos frequentadores do Parque Farroupilha sobre a proposta de cercamento.
Sociólogo Assis Aymone – (48)9107972 – (51)99826632 – op.pesquisa@hotmail.com
Objetivo Geral:
Conhecer a posição dos habitantes de Porto Alegre sobre a polêmica do cercamento do parque Farroupilha, que se fará por plebiscito, segundo proposta, em 2016.
Objetivos Específicos:
- Qual a posição dos moradores estratificados por bairros e zonas da cidade.
- Qual a posição dos usuários do parque pelo número de vezes que frequenta semanalmente ou mensalmente.
- Qual a posição dos usuários por sexo, idade, renda e escolaridade.
- Quais as principais razões para a opção escolhida (qualitativa).
- Alternativa de mudança da primeira opção segundo argumentos das principais razões apontadas.
Justificativa:
O Parque Farroupilha ou Redenção desempenha importante papel na vida cotidiana dos habitantes de Porto Alegre, para múltiplos usos, assim como é fundamental para o imaginário social e a formação determinante de uma identidade única com relação ao contexto da cidade. Qualquer proposta que venha alterar sua fisionomia e seus fluxos, também altera esse imaginário e a rotina de milhares de pessoas que dele fazem uma extensão de sua casa. Neste sentido, conhecer a opinião de seus usuários é fundamental para as políticas públicas de urbanismo e o exercício da cidadania.
Público Alvo: Os frequentadores do parque Farroupilha, entendendo-os como usuários de lazer, contemplação, descanso, trabalho, passadouro e esporte.
Metodologia:
Amostragem estratificada por sexo e idade e Amostragem aleatória por renda e escolaridade. Pesquisa de diagnóstico Benchmarck Poll, chamadas de pesquisas de referência, contém questões quantitativas e qualitativas. Esta opção fornece a objetividade dentro da complexidade. Em função da metodologia escolhida para a coleta dos dados, com duplas de entrevistadores e checadores e cobertura de 100%, a margem de erro praticamente inexiste na hora da produção do dado. Desta forma, o grau de confiança é de 98% e a margem de erro de 2%.
A coleta de dados foi realizada dias 28 e 29 de junho e 2 e 4 de julho, respectivamente domingo, segunda-feira, quinta-feira e sábado, seguindo, desta forma, o plano metodológico de coletar públicos distintos. O filtro utilizado foi o estabelecimento de cotas por sexo e idade.
Tabela I – Questão 01: Você é favorável ou contrário a proposta de cercamento do parque Farroupilha?
Contra
|
Favorável
|
Não Sabe
|
Total
| |
N | 229 | 84 | 07 | 320 |
%
|
71,56
|
26,25
|
2,19
|
100%
|
Tabela II – Questão 02: Caso houvesse mais policiamento, mais iluminação e mais vigilância eletrônica, você ainda acharia necessário o cercamento do parque?
(Aplicada apenas aos entrevistados favoráveis ao cercamento)
Favoráveis da amostra
Total
| Mantiveram a posição
favorável
| Não acham o cercamento necessário | Mantiveram a posição favorável da amostra total de 320 |
84 26,25%
|
45 53,57%
|
39 46,46
|
14,06%
|
- O índice de 14,06% é relativo à amostra geral de 320 entrevistados que mantiveram a posição favorável ao cercamento, mesmo considerando as possíveis medidas de ampliação da segurança sem o recurso do cercamento.
Tabela III – Distribuição por bairros e zonas de Porto Alegre.
Contra
N %
| Favorável
N %
| NS
N %
| Total do Estrato
N
| |
Centro | 14 66,66 | 07 33,33 | - | 21 |
Cidade Baixa | 36 81,81 | 07 15,90 | 01 2,27 | 44 |
Santana – Farroupilha | 44 73,33 | 15 25,00 | 01 1,66 | 60 |
Bom Fim | 25 73,52 | 05 14,70 | 04 | 34 |
Menino Deus – Azenha | 23 88,46 | 02 7,69 | 01 3,84 | 26 |
Moinhos, Bela Vista, Rio Branco, Auxiliadora, Floresta e Higienópolis | 17 54,83 | 14 45,16 | - | 31 |
Zona Sul* | 35 76,08 | 11 23,91 | - | 46 |
Zona Norte* | 17 54,83 | 14 45,16 | - | 31 |
Zona Leste* | 18 66,66 | 09 33,33 | - | 27 |
*OBS: Zona Norte a iniciar do bairro São João, Zona Leste a iniciar do bairro Petrópolis e Jardim Botânico e Zona Sul a iniciar dos bairros Glória, Santo Antônio e Partenon.
- Os dados apontam que os bairros próximos ao parque rejeitam a proposta por ampla maioria, chegando apresentar índices de 88% e 82%, como os bairros Cidade Baixa e Azenha e Menino Deus, assim como de 73% nos bairros Santana e Bom Fim.
- O Centro e a Zona Leste de capital apresentam 2/3 contrários, um pouco abaixo do índice geral de 71,56%.
- A Zona Sul apresenta índice com 5% acima do índice geral, com 76% dos entrevistados contrários à proposta.
- A Zona Norte e os bairros Moinhos de Ventos, Bela Vista, Auxiliadora, Higienópolis como o centro apresentam os índices aproximados entre as opções, com uma diferença de 10% para o não cercamento, mas com consideráveis 45% favorável.
Observamos que bairros mais afastados, mesmo entre a Zona Sul, apresentam os maiores índices favoráveis ao cercamento, assim como os bairros tradicionalmente de maior poder econômico. Ao observar o mapa da cidade, aquelas populações que mais se preocupam ou sofrem com a questão da segurança pública.
Tabela IV – Por Frequência semanal e mensal ou ao parque.
Semanal
Vezes
| Contra | Favorável | NS | Total | Contra
%
| A Favor
%
| NS
%
|
1 | 59 | 12 | 01 | 72 | 81,94 | 16,66 | 1,38 |
2 | 43 | 08 | - | 51 | 84,31 | 15,68 | - |
3 | 17 | 10 | 02 | 29 | 58,62 | 34,48 | 6,89 |
4 | 24 | 06 | 01 | 31 | 77,41 | 19,35 | 3,22 |
5 | 09 | 02 | - | 11 | 81,81 | 18,18 | - |
6 | 02 | - | - | 02 | 100 | - | - |
7 | 54 | 16 | 02 | 72 | 75,00 | 22,22 | 2,77 |
Total
%
| 54 | 268 | |||||
Mensal | |||||||
1 | 09 | 17 | 01 | 27 | 33,33 | 62,96 | 3,70 |
2 | 12 | 13 | 25 | 48,00 | 52,00 | - | |
Total | 30 | - | 52 | ||||
Total Final | 229 | 84 | 07 | 320 | |||
% | 71,56 | 26.25 | 2,19 | 100% |
- A Tabela demonstra que os usuários que no máximo uma ou duas vezes ou por mês (ou menos) frequentam o parque, muito em função de eventos, são os que apresentaram os maiores índices favoráveis ao cercamento, com 63% e 52%. Este estrato é composto de aproximadamente 10% da amostra geral, ou seja, 30 entrevistados.
- Os frequentadores semanais, de uma até sete vezes, mantiveram os índices entre 84% e 59%, sendo 82% e 77% os intermediários, bem acima do resultado geral de 72%.
A dedução lógica aponta para que os frequentadores semanais do parque rejeitam o cercamento, em média 77%.
Tabela V – Principais motivos para as opções:
Contra o cercamento | Favorável ao cercamento |
Público de fim de semana | Público de fim de semana |
Acessibilidade e livre acesso | Segurança - Citações 20 |
Bonito e aberto | Vandalismo à noite – 03 |
Não muda nada, não resolve e vai aumentar o perigo | Evitar mendigos e cachorros |
Pela integração com a cidade
Perder a identidade e particularidade
| Exemplo de parques fechados em outras cidades: Curitiba, Madri, Europa - 06, Germânia. |
Pela tradição e história do parque | Proteger o próprio parque, manutenção. |
Investir em outros melhoramentos, esteticamente | Perigoso após às 18 horas. |
Mais liberdade – direito de ir e vir
Ficará menos democrático
Elitização – ficará feio
Afastará as pessoas dos espaços públicos
| Escuro à noite |
Público de segunda à sexta-feira. | Público de segunda à sexta-feira. |
Livre acesso | Segurança – Citações 32 |
Estética, beleza, paisagismo | Exemplo de outras cidades: Campo Grande |
Por que é público | Muito moradores de rua – 05 |
Investir no policiamento e não cercear | Iluminação – 07 |
Liberdade – livre | Segurança à noite – 07 |
Ë um passadouro | Marginais – 04 |
Custo/benefício | |
Direito de ir e vir | |
Falsa segurança – não resolve | |
Todos os horários livres, sem limite | |
Contra privatização | |
Usuários tornam-se reféns | |
Perda da identidade | |
Dificulta acesso aos idosos | |
Afasta e inibe os frequentadores | |
Aberto a todas as classes sociais. | |
Calçamento do entorno. |
Tabela VI – Distribuição por sexo e gênero da questão sobre o cercamento do parque.
Masculino
154
48,12%
| Feminino
165
51,56%
| Transgênero
01
0,31%
| | Total | |||||
Contra | Favorável | NS | Contra | Favorável | NS | Contra | Favorável | NS | |
111 | 39 | 04 | 117 | 45 | 03 | 01 | - | - | 320 |
34.68%
|
12,19%
|
1,25%
|
36,56%
|
14,02%
|
0,931%
|
0,31%
|
-
|
-
|
100%
|
- Não há diferença significativa entre as alternativas contrária e favorável ao cercamento entre os estratos feminino e masculino.
VII – Distribuição das cotas por idade.
Idade | Contra | Favorável | NS | Total % | % Contra | % Favorável | NS |
15 – 24 | 34 | 10 | 01 | 45 14,06 | 75,56 | 22,22 | 2,22 |
25 – 34 | 81 | 21 | 02 | 104 32,50 | 77,88 | 20,19 | 1,92 |
35 – 44 | 35 | 19 | - | 54 16,87 | 64,81 | 35,18 | - |
45 – 59 | 45 | 19 | 02 | 66 20,62 | 68,18 | 28,78 | 3,03 |
+ 60 | 34 | 15 | 02 | 51 15,93 | 66,66 | 29,41 | 3,92 |
N | 229 | 84 | 07 | 320 100% | |||
% | 71,56 | 26,25 | 2,19 |
- Os dados demonstram que 46,56% dos entrevistados estão na faixa de 15 – 34 anos, na qual a opção contrária ao cercamento atingiu 77,88% – 6% maior que o índice geral de 71,56%.
- Entre os usuários com mais de 60 anos, 66,66% são contrários ao cercamento, quase 5% abaixo do índice geral, assim como os da faixa entre 35 e 59 anos.
Os estratos mais jovens apresentam maior rejeição ao cercamento do parque, com um intervalo de 13%, com relação ao índice de menor rejeição dos estratos de maior faixa etária.
Tabela VIII – Distribuição por sexo. Caso houvesse mais policiamento, mais iluminação e mais vigilância eletrônica, você ainda acharia necessário o cercamento do parque?
Masculino | Feminino | Total | |||
Não | Sim | Não | Sim | ||
N | 28 | 18 | 11 | 27 | 84 |
% | 60,86 | 39,13 | 28,94 | 71,10 | |
33,33 | 21,42 | 13,09 | 32,42 | 100% |
Não acha necessário o cercamento | Masculino | Feminino |
N
%
| 28
60,86%
| 11
28,94$
|
Tabela IX – Distribuição por renda.
Renda (R$) | Contra % | Favorável % | NS % | Total % |
SR –/ 1000 | 37 75,51 | 11 22,44 | 01 2,04 | 49 15,31 |
1000 -/3000 | 95 70,37 | 38 28,14 | 02 1,48 | 135 42,50 |
3000 -/ 6900 | 73 76,84 | 20 21,05 | 02 2,10 | 95 29,67 |
+ 6900 | 24 58,53 | 15 36,58 | 02 4,87 | 41 12,81 |
Total | 229 | 84 | 07 | 320 100 |
% | 71,56 | 26,25 | 2,19 |
- Podemos observar no interior da tabela que o maior índice dos entrevistados favoráveis à proposta de cercamento se encontra no estrato de maior renda, acima de R$ 6900,00, com aproximadamente 37% das opções.
- Nos estratos de menor renda, a média é próxima ao índice geral, entre 70% e 77% contrários à proposta.
Tabela X – Distribuição por escolaridade.
Contra
N %
| Favorável
N %
| NS
N %
| Total
N %
| |
1º G Incompleto
1º G Completo
| 08 36,36
07 31,81
| 04 18,18
03 13,63
| -
-
|
22 6,87
|
2º G Incompleto
2º G Completo
| 16 18,82
44 51,76
| 13 15,29
11 12,94
| -
01
|
85 26,56
|
Superior Incompleto
Superior Completo
| 59 27,69
95 44,60
| 21 9,85
32 15,02
| 03 1,40
03 1,40
|
213 66,56
|
Total | 229 | 84 | 07 | 320 100 |
% | 71,56 | 26,25 | 2,19 |
- Segundo os dados, o estrato superior completo e incompleto apresenta aproximadamente 2/3 dos entrevistados contrários ao cercamento do parque.
- O estrato 2º G completo apresenta ¾ contrários ao projeto, a maior proporção entre os estratos da variável escolaridade.
- O estrato 2º G incompleto é onde existe a maior aproximação, com 55% contrários e 45% favoráveis ao cercamento.
- No estrato 1º G completo, 70% são contrários e 30% favoráveis.
- No estrato 1º G incompleto também existe alguma proximidade, com 57% contra e 43% a favor.
Podemos concluir que o grau mais elevado de escolaridade apresenta maior rejeição à proposta de cercamento, embora também ocorra entre os entrevistados de 1º G completo uma aproximação com o índice geral da pesquisa.
Síntese Final
- O estudo dos dados empíricos e das questões subjetivas nos demonstra que a grande preocupação dos entrevistados é não perder a sua liberdade de ir e vir (acessibilidades) e a descaracterização identitária do parque.
- Entre os 26,25 % favoráveis ao cercamento, a grande preocupação é relativa à segurança, porém, quando apresentamos os itens de segurança alternativos ao cercamento, esse índicecai para 14,26% da amostra geral.
- O moradores dos bairros próximos ao parque, e Zona Sul e Leste são, em média, 77% contrários, já os moradores de bairros de maior poder aquisitivo e da Zona Norte, embora a maioria seja contra, apresentam entre os favoráveis os maiores índices, cerca de 45%.
- Pelo grau de frequência, ficou evidente que os entrevistados que menos usam o parque, duas, uma ou menos por mês, são os que mais peso tiveram entre os favoráveis, representando 62%. Desta forma, os 38% restantes que frequentam mais vezes o parque representam somente 10% da amostra total.
- Outros dados significativos: os jovens, os de maior escolaridade e os de renda média e baixa apresentam os maiores graus de rejeição à proposta de cercamento. Os entrevistados de maior renda, de baixa escolaridade e de faixa etária mais elevada são os que apresentam maior grau de aceitação da proposta, ressaltando que não são a maioria entre os estratos, mas, sim, apresentam maior índice.
Sociólogo Responsável: Assis Aymone
DRT 007490/2008-63
Especialista em Planejamento Estratégico Multidisciplinar Aplicado ao Manejo do Meio Ambiente no Município, pela OEA.
A OP-Opinião Pública, empresa de planejamento estratégico e pesquisa com mais de 27 anos de atuação, até o ano 2000 denominada CEPS – Centro de Estudos e Pesquisas Políticas e Sociais, realizou mais de 400 pesquisas.