segunda-feira, 13 de julho de 2015

PESQUISA INÉDITA SOBRE O CERCAMENTO DA REDENÇÃO


Pesquisa de Opinião Pública
Comportamento
A opinião dos frequentadores do Parque Farroupilha sobre a proposta de cercamento.
Sociólogo Assis Aymone – (48)9107972 – (51)99826632 – op.pesquisa@hotmail.com
Objetivo Geral:
Conhecer a posição dos habitantes de Porto Alegre sobre a polêmica do cercamento do parque Farroupilha, que se fará por plebiscito, segundo proposta, em 2016.

Objetivos Específicos:
- Qual a posição dos moradores estratificados por bairros e zonas da cidade.
- Qual a posição dos usuários do parque pelo número de vezes que frequenta semanalmente ou mensalmente.
- Qual a posição dos usuários por sexo, idade, renda e escolaridade.
- Quais as principais razões para a opção escolhida (qualitativa).
- Alternativa de mudança da primeira opção segundo argumentos das principais razões apontadas.

Justificativa:
O Parque Farroupilha ou Redenção desempenha importante papel na vida cotidiana dos habitantes de Porto Alegre, para múltiplos usos, assim como é fundamental para o imaginário social e a formação determinante de uma identidade única com relação ao contexto da cidade. Qualquer proposta que venha alterar sua fisionomia e seus fluxos, também altera esse imaginário e a rotina de milhares de pessoas que dele fazem uma extensão de sua casa. Neste sentido, conhecer a opinião de seus usuários é fundamental para as políticas públicas de urbanismo e o exercício da cidadania.

Público Alvo: Os frequentadores do parque Farroupilha, entendendo-os como usuários de lazer, contemplação, descanso, trabalho, passadouro e esporte.

Metodologia:
Amostragem estratificada por sexo e idade e Amostragem aleatória por renda e escolaridade. Pesquisa de diagnóstico Benchmarck Poll, chamadas de pesquisas de referência, contém questões quantitativas e qualitativas. Esta opção fornece a objetividade dentro da complexidade. Em função da metodologia escolhida para a coleta dos dados, com duplas de entrevistadores e checadores e cobertura de 100%, a margem de erro praticamente inexiste na hora da produção do dado. Desta forma, o grau de confiança é de 98% e a margem de erro de 2%.
A coleta de dados foi realizada dias 28 e 29 de junho e 2 e 4 de julho, respectivamente domingo, segunda-feira, quinta-feira e sábado, seguindo, desta forma, o plano metodológico de coletar públicos distintos. O filtro utilizado foi o estabelecimento de cotas por sexo e idade.

Tabela I  – Questão 01: Você é favorável ou contrário a proposta de cercamento do parque Farroupilha?
 
Contra
 
Favorável
 
Não Sabe
 
Total
N2298407320
 
%
 
71,56
 
26,25
 
2,19
 
100%

Tabela II – Questão 02: Caso houvesse mais policiamento, mais iluminação e mais vigilância eletrônica, você ainda acharia necessário o cercamento do parque?
(Aplicada apenas aos entrevistados favoráveis ao cercamento)
Favoráveis da amostra 
Total
Mantiveram a posição 
favorável
Não acham o cercamento necessárioMantiveram a posição favorável  da amostra total  de 320
 
84                          26,25%
 
45                       53,57%
 
39                            46,46
 
14,06%

- O índice de 14,06% é relativo à amostra geral de 320 entrevistados que mantiveram a posição favorável ao cercamento, mesmo considerando as possíveis medidas de ampliação da segurança sem o recurso do cercamento.

Tabela III – Distribuição por bairros e zonas de Porto Alegre.
Contra 
N                         %
Favorável 
N                         %
NS 
N                          %
Total do Estrato 
N
Centro14                       66,6607                       33,33-21
Cidade Baixa36                       81,8107                       15,9001                         2,2744
Santana – Farroupilha44                       73,3315                       25,0001                         1,6660
Bom Fim25                       73,5205                       14,700434
Menino Deus – Azenha23                       88,4602                         7,6901                         3,8426
Moinhos, Bela Vista, Rio Branco, Auxiliadora, Floresta e Higienópolis17                       54,8314                       45,16-31
Zona Sul*35                       76,0811                       23,91-46
Zona Norte*17                       54,8314                       45,16-31
Zona Leste*18                       66,6609                       33,33-27
*OBS: Zona Norte a iniciar do bairro São João, Zona Leste a iniciar do bairro Petrópolis e Jardim Botânico e Zona Sul a iniciar dos bairros Glória, Santo Antônio e Partenon.
- Os dados apontam que os bairros próximos ao parque rejeitam a proposta por ampla maioria, chegando apresentar índices de 88% e 82%, como os bairros Cidade Baixa e Azenha e Menino Deus, assim como de 73% nos bairros Santana e Bom Fim.
- O Centro e a Zona Leste de capital apresentam 2/3 contrários, um pouco abaixo do índice geral de 71,56%.
- A Zona Sul apresenta índice com 5% acima do índice geral, com 76% dos entrevistados contrários à proposta.
- A Zona Norte e os bairros Moinhos de Ventos, Bela Vista, Auxiliadora, Higienópolis como o centro apresentam os índices aproximados entre as opções, com uma diferença de 10% para o não cercamento, mas com consideráveis 45% favorável.
Observamos que bairros mais afastados, mesmo entre a Zona Sul, apresentam os maiores índices favoráveis ao cercamento, assim como os bairros tradicionalmente de maior poder econômico. Ao observar o mapa da cidade, aquelas populações que mais se preocupam ou sofrem com a questão da segurança pública.

Tabela IV – Por Frequência semanal e mensal ou ao parque.
Semanal 
Vezes
ContraFavorávelNSTotalContra 
%
A Favor 
%
NS 
%
15912017281,9416,661,38
24308-5184,3115,68-
31710022958,6234,486,89
42406013177,4119,353,22
50902-1181,8118,18-
602--02100--
75416027275,0022,222,77
Total 
%
54 

268
Mensal
10917012733,3362,963,70
212132548,0052,00-
Total30-52
Total Final2298407320
%71,5626.252,19100%
- A Tabela demonstra que os usuários que no máximo uma ou duas vezes ou por mês (ou menos)  frequentam o parque, muito em função de eventos, são os que apresentaram os maiores índices favoráveis ao cercamento, com 63% e 52%. Este estrato é composto de aproximadamente 10% da amostra geral, ou seja, 30 entrevistados.
- Os frequentadores semanais, de uma até sete vezes, mantiveram os índices entre 84% e 59%, sendo 82% e 77% os intermediários, bem acima do resultado geral de 72%.
A dedução lógica aponta para que os frequentadores semanais do parque rejeitam o cercamento, em média 77%.

Tabela V – Principais motivos para as opções:
Contra o cercamentoFavorável ao cercamento
Público de fim de semanaPúblico de fim de semana
Acessibilidade e livre acessoSegurança -  Citações 20
Bonito e abertoVandalismo à noite – 03
Não muda nada, não resolve e vai aumentar o perigoEvitar mendigos e cachorros
Pela integração com a cidade 
Perder a identidade e particularidade
Exemplo de parques fechados em outras cidades: Curitiba, Madri, Europa -  06, Germânia.
Pela tradição e história do parqueProteger o próprio parque, manutenção.
Investir em outros melhoramentos, esteticamentePerigoso após às 18 horas.
Mais liberdade – direito de ir e vir 
Ficará menos democrático
Elitização – ficará feio
Afastará as pessoas dos espaços públicos
Escuro à noite
Público de segunda à sexta-feira.Público de segunda à sexta-feira.
Livre acessoSegurança  – Citações 32
Estética, beleza, paisagismoExemplo de outras cidades: Campo Grande
Por que é públicoMuito moradores de rua – 05
Investir no policiamento e não cercearIluminação – 07
Liberdade – livreSegurança à noite – 07
Ë um passadouroMarginais – 04
Custo/benefício
Direito de ir e vir
Falsa segurança – não resolve
Todos os horários livres, sem limite
Contra privatização
Usuários tornam-se reféns
Perda da identidade
Dificulta acesso aos idosos
Afasta e inibe os frequentadores
Aberto a todas as classes sociais.
Calçamento do entorno.

Tabela VI – Distribuição por sexo e gênero da questão sobre o cercamento do parque.
Masculino 
154
48,12%
Feminino 
165
51,56%
Transgênero 
01
0,31%
 
Total
ContraFavorávelNSContraFavorávelNSContraFavorávelNS
1113904117450301--320
 
34.68%
 
12,19%
 
1,25%
 
36,56%
 
14,02%
 
0,931%
 
0,31%
 
-
 
-
 
100%
- Não há diferença significativa entre as alternativas contrária e favorável ao cercamento entre os estratos feminino e masculino.

VII – Distribuição das cotas por idade.
IdadeContraFavorávelNSTotal      %% Contra% FavorávelNS
15 – 2434100145         14,0675,5622,222,22
25 – 34812102104       32,5077,8820,191,92
35 – 443519-54         16,8764,8135,18-
45 – 5945190266         20,6268,1828,783,03
+  6034150251         15,9366,6629,413,92
N2298407320       100%
%71,5626,252,19

- Os dados demonstram que 46,56% dos entrevistados estão na faixa de 15 – 34 anos, na qual a opção contrária ao cercamento atingiu 77,88% – 6% maior que o índice geral de 71,56%.
- Entre os usuários com mais de 60 anos, 66,66% são contrários ao cercamento, quase 5% abaixo do índice geral, assim como os da faixa entre 35 e 59 anos.
Os estratos mais jovens apresentam maior rejeição ao cercamento do parque, com um intervalo de 13%, com relação ao índice de menor rejeição dos estratos de maior faixa etária.

Tabela VIII – Distribuição por sexo. Caso houvesse mais policiamento, mais iluminação e mais vigilância eletrônica, você ainda acharia necessário o cercamento do parque?
MasculinoFemininoTotal
NãoSimNãoSim
N2818112784
%60,8639,1328,9471,10
33,3321,4213,0932,42100%

Não acha necessário o cercamentoMasculinoFeminino
%
28 
60,86%
11 
28,94$


Tabela IX – Distribuição por renda.
Renda (R$)Contra                %Favorável           %NS                      %Total                  %
SR –/ 100037                       75,5111                       22,4401                        2,0449                      15,31
1000 -/300095                       70,3738                       28,1402                        1,48135                    42,50
3000 -/ 690073                       76,8420                       21,0502                        2,1095                      29,67
+ 690024                       58,5315                       36,5802                        4,8741                      12,81
Total2298407320                       100
%71,5626,252,19
- Podemos observar no interior da tabela que o maior índice dos entrevistados favoráveis à proposta de cercamento se encontra no estrato de maior renda, acima de R$ 6900,00, com aproximadamente 37% das opções.
- Nos estratos de menor renda, a média é próxima ao índice geral, entre 70% e 77% contrários à proposta.

Tabela X – Distribuição por escolaridade.
Contra 
N                            %
Favorável 
N                             %
NS  
N                             %
Total 
N                          %
1º G Incompleto 
1º G Completo
08                       36,36 
07                       31,81
04                       18,18 
03                       13,63
-
 
22                       6,87
2º G Incompleto 
2º G Completo
16                       18,82 
44                       51,76
13                       15,29 
11                       12,94
01
 
85                      26,56
Superior Incompleto 
Superior Completo
59                       27,69 
95                       44,60
21                         9,85 
32                       15,02
03                         1,40 
03                         1,40
 
213                    66,56
Total2298407320                     100
%71,5626,252,19

- Segundo os dados, o estrato superior completo e incompleto apresenta aproximadamente 2/3 dos entrevistados contrários ao cercamento do parque.
- O estrato 2º G completo apresenta ¾ contrários ao projeto, a maior proporção entre os estratos da variável escolaridade.
- O estrato 2º G incompleto é onde existe a maior aproximação, com 55% contrários e 45% favoráveis ao cercamento.
- No estrato 1º G completo, 70% são contrários e 30% favoráveis.
- No estrato 1º G incompleto também existe alguma proximidade, com 57% contra e 43% a favor.
Podemos concluir que o grau mais elevado de escolaridade apresenta maior rejeição à proposta de cercamento, embora também ocorra entre os entrevistados de 1º G completo uma aproximação com o índice geral da pesquisa.

Síntese Final
-  O estudo dos dados empíricos e das questões subjetivas nos demonstra que a grande preocupação dos entrevistados é não perder a sua liberdade de ir e vir (acessibilidades) e a descaracterização  identitária do parque.
- Entre os 26,25 % favoráveis ao cercamento, a grande preocupação é relativa à segurança, porém, quando apresentamos os itens de segurança alternativos ao cercamento, esse índicecai para 14,26% da amostra geral.
- O moradores dos bairros próximos ao parque, e Zona Sul e Leste são, em média, 77% contrários, já os moradores de bairros de maior poder aquisitivo e da Zona Norte, embora a maioria seja contra, apresentam entre os favoráveis os maiores índices, cerca de 45%.
- Pelo grau de frequência, ficou evidente que os entrevistados que menos usam o parque, duas, uma ou menos por mês, são os que mais peso tiveram entre os favoráveis, representando 62%. Desta forma, os 38% restantes que frequentam mais vezes o parque representam somente 10% da amostra total.
- Outros dados significativos: os jovens, os de maior escolaridade e os de renda média e baixa apresentam os maiores graus de rejeição à proposta de cercamento. Os entrevistados de maior renda, de baixa escolaridade e de faixa etária mais elevada são os que apresentam maior grau de aceitação da proposta, ressaltando que não são a maioria entre os estratos, mas, sim, apresentam maior índice.
Sociólogo Responsável: Assis Aymone
DRT 007490/2008-63
Especialista em Planejamento Estratégico Multidisciplinar Aplicado ao Manejo do Meio Ambiente no Município, pela OEA.
A OP-Opinião Pública, empresa de planejamento estratégico e pesquisa com mais de 27 anos de atuação, até o ano 2000 denominada CEPS – Centro de Estudos e Pesquisas Políticas e Sociais, realizou mais de 400 pesquisas.