sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Falta planejamento para Porto Alegre

Por Tiago Holzmann da Silva 

Sem planejamento se gasta mais e se gasta mal e é fato que isso está acontecendo em Porto Alegre pela ausência de um “Projeto de Cidade”. Acompanhamos pelos jornais as notícias sobre o "reajuste" dos valores das "obras da Copa" na Capital. Em conjunto, o aumento foi de 65% para oito obras previstas para Porto Alegre, todas estas relacionadas à questão viária.
 
Qualquer cidadão, mesmo que leigo na área da construção chega facilmente à seguinte indagação: se antes de começar as obras algumas já custam o dobro, então, quanto custará no final a execução desta obra? A falta de planejamento e a falta de integração entre as propostas; o foco exclusivo na questão viária; a pressa para realizar "qualquer coisa" para a Copa; os projetos apressados, equivocados ou mal elaborados contratados "notoriamente" ou, muito pior, "doados" pelos empreiteiros ou futuros concessionários dos serviços; a inexistência de participação efetiva da sociedade nas discussões anteriores aos projetos e a arrogância e prepotência de alguns setores da administração são alguns dos motivos que justificam os diversos "reajustes".
 
Por outro lado, paradoxalmente, o mundo inteiro derruba viadutos e Porto Alegre constrói (e ainda parecem equivocados, feios e desnecessários). Algo está errado? Ou com o mundo ou com Porto Alegre? Tentamos (mal) copiar os resultados de sucesso, ou os "cases da moda" como as pontes estaiadas, sem entender que estes bons resultados, em outras cidades, são fruto de um processo inteligente de participação e planejamento efetivo realizado por toda a sociedade, técnicos, administradores e agentes organizados.
 
Não precisamos ser arquitetos e urbanistas para nos darmos conta da importância de Porto Alegre construir um “Projeto de Cidade”, como fizeram os municípios que se desenvolveram com qualidade nas últimas décadas. Somente assim, poderemos ter bons projetos - adequados e necessários e integrados e econômicos e sustentáveis e inclusivos - que permitirá que a cidade seja um exemplo para o mundo e uma satisfação diária para seus moradores e visitantes.

Arquiteto e Presidente do IAB RS - 
Instituto de Arquitetos do Brasil

Um comentário:

Eduardo Galvão disse...

É verdade.

Falta e faltou.

Os governos se sucedem, as secretarias são loteadas e dirigidas sem critério técnico, não há coordenação e busca de sinergia. Um governo de 4 anos começa a elaborar 'seus' projetos e os mesmos são desmontados pela administração seguinte, de oposição.

Nem mesmo os 'bons' projetos são executados, pois seria do interesse do 'inimigo': a oposição. Tal mentalidade mesquinha destrói uma possível continuidade de ações de interesse da cidade.

O que surpreende é quando um mesmo partido fica 4 gestões seguidas na prefeitura, e em 16 anos não consegue começar um projeto transformador, como o tão necessário metrô.

No fim, trata-se de uma cultura onde o que está em pauta é o interesse dos partidos e dos políticos, e não da cidade e de seus cidadãos. Muita água por baixo das pontes do Dilúvio até termos um país povoado por pessoas educadas e críticas.