Por Maria Dalila Bohrer
Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUCRS >>
Foi anunciado, em outubro, que a primeira etapa do metrô de Porto Alegre, da Fiergs até a Esquina Democrática, será implantada até 2017. A eficiência do metrô pressupõe a integração com outros modais – BRTs, Trem Metropolitano, VLTs, entre outros – dentro da estratégia que prioriza o transporte coletivo.
Uma mobilidade urbana sustentável pressupõe uma visão de planejamento mais abrangente. O programa de transporte faz parte das políticas integradas de planejamento urbano e precisa estar subordinado a diretrizes comuns, visando a cenários futuros para Porto Alegre que balizassem, ao longo do tempo, as ações e as etapas de execução dos projetos urbanos necessários ao seu desenvolvimento.
Neste sentido, o impacto das 13 estações que compõem o itinerário da linha 1 do Metrô de Porto Alegre não poderá ser mensurado, apenas, pela retirada dos ônibus, a diminuição dos congestionamentos e a conquista de mais espaço público para a população. Deverá ser avaliado, também, pelos reflexos num entorno urbano mais amplo.
Na área central, a possibilidade de chegada e saída ao centro da cidade de forma rápida e
confortável, tornará mais intensa a sua vitalidade, permitindo morar, trabalhar e usufruir das melhorias urbanísticas, em termos de lazer e cultura, que estão sendo implantadas. Se compararmos o traçado projetado para a linha 1 do Metrô com o atual desenho da linha da Trensurb, identificaremos que são paralelos - da Estação Cairu à Estação do Mercado Público. A futura linha atenderá melhor à demanda em função da tecnologia a ser empregada que permite estações mais próximas.
Em função disso, existe a previsão de, a partir de 2030, ser desativado o trecho da linha da
Trensurb - da Estação Farrapos até a Estação Mercado. Isso possibilita vislumbrar, num cenário futuro, uma maior aproximação da área central com suas contíguas de orla. A eliminação das estações do trem metropolitano, na interface com o Centro Histórico, significa nova condição de urbanização da Avenida Mauá, com a possibilidade de incentivo
à miscigenação de usos, inclusive residencial.
Para a ligação efetiva da área central com a orla, restará a barreira do muro de contenção das cheias que poderá ser tratada por meio de transposições e perfurações, em pontos estratégicos, costurando a descontinuidade urbana existente e criando novas oportunidades de projeto, numa das áreas de maior potencial paisagístico de Porto Alegre.
Assim, nessa ótica, a implantação da linha 1 do Metrô poderia se transformar no fio condutor de outros projetos urbanos, que, associados aos avanços da mobilidade urbana proporcionada pelo metrô, ampliariam as conquistas urbanísticas da cidade.
Um comentário:
Porto Alegre está precisando deste espaço há horas!!!
Postar um comentário