AGORA É LEI
Proclame: O Direito de Morar e o Dever de Preservar no Morro
Santa Teresa Agora é Lei.
Grande vitória da mobilização e organização dos moradores e
entidades que integram o Movimento em Defesa do Morro Santa Teresa, o chamado
“O Morro é Nosso”: Agora é Lei: o Morro de Santa Teresa é Área Especial de Interesse Ambiental.
Às 20 horas de ontem, dia 20
de agosto de 2013, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati sancionou o PLC
07/2013, que os vereadores aprovaram por unanimidade no dia 3 de julho. Essa
luta teve sua primeira vitória, em maio de 2010, quando a reação das
comunidades e entidades, com o grito “o Morro é nosso”, impediu a venda da
área. Em quatro anos de construção da proposta conjunta habitacional-ambiental,
em 40 reuniões, o Movimento estudou, discutiu e elaborou o embasamento do
projeto de lei que a Vereadora Sofia Cavedon, atuante desde o início, assinou e
defendeu.
Agora é LEI:
Art. 1º - Fica instituída no Morro de Santa Teresa a Área Especial de Interesse Ambiental,
com a identificação de Área Especial de Interesse Social, de Área de Proteção do Ambiente Natural, de
Área de Interesse Cultural, nos termos dos arts.76 a 78 e dos arts 88 a
92 da LC 434/99, conforme delimitado no mapa constante do Anexo I desta Lei.
Art. 2º - A Área Especial de Interesse
Ambiental no Morro Santa Teresa tem por finalidades consolidar a ocupação da
área de forma que seja respeitado o direito à moradia das ocupações
consolidadas, a preservação ambiental, a preservação do patrimônio cultural e
as necessidades de ampliação e adaptação da estrutura física da FASE.
Agora, a lei grava aquele morro como área especial,
condição para consagrar o tripé que o Movimento em Defesa do Morro Santa Teresa
sempre defendeu: as moradias, o parque ambiental e as casas da FASE.
Nós, portoalegrenses, não podemos esquecer: O Morro Santa
Teresa ainda é nosso graças à hombridade e cidadania dos moradores que ocupam
aquele morro, há trinta anos. Quando, em junho de 2010, queriam vendê-lo, eles
reagiram forte e, na negociação, deputados lhes ofereceram a oportunidade de
permanecer lá desde que permitissem vender o resto, eles reagiram mais forte.
Mirem-se no exemplo: “Ao defenderem o que é público, os manifestantes estão no
exercício pleno de seus direitos como cidadãos”. Agora, defenderam com as
entidades a criação da lei que definiu o destino da área
ambiental-habitacional: Não está à venda.
Graças a eles, os moradores, e respeitado o espaço para
suas vilas e atividades da FASE, que podemos pensar em garantir o restante como
espaço público, como parque de preservação da imensa riqueza natural que existe
no coração de Porto Alegre, como Parque Morro Santa Teresa.
A Lei Complementar
07/2013 define o destino de todo aquele terreno, 74 hectares – quase dois
Parques da Redenção. O terreno é do
Estado, da FASE, mas é atribuição do
Executivo Municipal gravar, em lei, que aquela área é especial. Precisa um
tratamento especial. Grava o Morro Santa Teresa como área especial a três
níveis: Área Especial de Interesse
Social – AEIS – para urbanizar as vilas adequadamente, de acordo com suas
condições e obter recursos, Área
Especial de Proteção do Ambiente Natural – AEPAN – para garantir a preservação
das matas, córregos e campos com o Bioma Pampa, e Área Especial de Interesse
Cultural – AEIC – para preservar e restaurar dois prédios históricos de 1845 e
de 1912.
Não vem ao caso, agora, quando e como o Morro Santa
Teresa será um parque adequado, como sua importância, localização, beleza,
vistas e tantas outras características exigem. Ou quando o prédio que Dom Pedro
II mandou construir, em 1845, será restaurado, como merece. O que interessa,
agora, é que seja defendido o espaço público. Interessa, agora, é a defesa do uso coletivo desse espaço.
Interessa,
também, que esse espaço público seja, de fato, preservado e fiscalizado, uma
vez que as ocupações estão congeladas, pois os ocupantes já estão cadastrados e
os levantamentos para elaboração dos projetos já estão realizados.
Interessa
que o Estado, proprietário da área, elabore o projeto urbanístico adequado
integrando a regularização fundiária, as áreas ambientais de preservação e os
prédios históricos com as casas da FASE. Desde a sua edição, o Movimento em
Defesa do Morro Santa Teresa está insistindo que as secretarias estaduais
envolvidas atendam o Decreto N.º 49.256, de 21 de junho de 2012, que institui Grupo de Trabalho com a finalidade
de elaborar projetos e ações para o imóvel da FASE,(...) com o objetivo de encaminhar e implementar ações e projetos vinculados
que contemplem Regularização Fundiária, qualificação e ampliação da estrutura
física da FASE e Parque ambiental Morro Santa Teresa.
Interessa, também, que seja conhecido e aproveitado pela
população em geral, para caminhadas e tantas outras atividades que, ao tempo em
que preservam o que deve ser preservado, permitam fazer o morro conhecido e
desfrutado pelos cidadãos. Nada mais contemporâneo e democrático que a ocupação
do espaço público para garantir a reconquista do que é público. O uso contínuo
é a eterna vigilância.
Interessa vibrar porque “o Morro é Nosso” e é um marco
histórico da mobilização pelo Direito de Morar aliado ao Dever de Preservar.
Por isso, venha conosco, na manhã do dia 31 de dezembro,
sábado, às 10 horas, no Belvedere da Figueira, participar da caminhada festiva
da vitória. Vista a sua camiseta, bote seu tênis , elabore seu cartaz, convide
seus amigos, participe e ajude a bradar: O Morro é Nosso, pelo direito de morar
e o dever de preservar.
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