quarta-feira, 3 de setembro de 2014

ÚLTIMA DESPEDIDA À SERGIO RODRIGUES OCORREU HOJE

O arquiteto e designer foi velado das 09h às 14h no Memorial do Carmo, no Caju, região Central do Rio.

Sergio faleceu na manhã da segunda-feira (1°) aos 86 anos. Segundo funcionários do escritório dele, a morte foi em casa, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, por insuficiência hepática. Ele já estava sendo submetido a tratamento por complicações no fígado, mas não resistiu.

Formado em 1951 em na faculdade de arquitetura da Universidade do Brasil - FNA, no Rio, Sergio se destacou por seu trabalho focado em interiores, criando móveis com traços únicos, reconhecidos internacionalmente. É frequentemente citado como sendo um artista da madeira. 

Atuando inicialmente como arquiteto, Rodrigues trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba. Depois, trilhando caminho percorrido por João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha, saltou da arquitetura para o design de móveis.

Uma de suas peças mais conhecidas é a poltrona Mole (1957), com madeira jacarandá e estofamento em couro, vencedora de prêmios da área do design e exposta no Museu de Arte Moderna de Nova York. É um sucesso de vendas até os dias de hoje.

Outras famosas criações são a poltrona Tonico (1963), feita para a empresa Meia-Pataca, com cintas ajustáveis e almofada para apoio do pescoço. Também a poltrona Leve Kilin PL-104 (1973) é um dos destaques de sua carreira: foi premiada pelo Instituo de Arquitetura do Brasil em 1975. 

Um ano antes da Mole, havia criado duas outras cadeiras igualmente famosas até a atualidade: a CD-7 (ou Lucio Costa, assim apelidada em homenagem ao arquiteto, um grande parceiro do trabalho de Sergio), com assento de palhinha, em madeira maciça torneada, e a PL-, que se chamava Jockey e foi rebatizada de Oscar porque Niemeyer fez as primeiras encomendas da peça quando a viu à venda.

Em dezembro, uma biografia inédita de Sergio Rodrigues, escrita por Regina Zappa, estará disponível gratuitamente no site do Instituto Sergio Rodrigues. O lançamento é um dos vários previstos para comemorar os 60 anos do banquinho Mocho, o primeiro trabalho de Sergio - uma banqueta inspirada num banco de uma perna só de ordenhar vacas que ele vira ainda garoto no interior.

O site é parte de um trabalho de organização de todo o acervo documental e iconográfico de Sergio Rodrigues, que foi patrocinado pelo Itaú Cultural e acaba de ser concluído. Foram levantados 30 mil itens, dos quais mais de mil estarão disponíveis para acesso no site. Plantas, croquis, desenhos, fotos e documentos da vida pessoal e profissional do arquiteto poderão ser consultados. O projeto teve financiamento da Lei Rouanet.

Já o derradeiro trabalho de Sergio Rodrigues, a Poltrona Benjamin (nome do seu neto mais novo), será produzida pelo ateliê de Fernando Mendes, primo do artista, ainda este ano. Mendes trabalhou 10 anos com o arquiteto e é o licenciado oficial para produzir o item. Foi fuçando em seu acervo que ambos encontraram uma cadeira desenhada no passado por Rodrigues que ele julgava perdida. O arquiteto a batizou como Cadeira Fernando.

O documentário de Peter Azen sobre o artista está quase finalizado. E o livro de Ivan Rezende sobre o designer também está em processo de acabamento, podendo sair em breve. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

Sergio deixa viúva Vera Beatriz, três filhos, netos e bisnetos. Ele completaria 87 anos no dia 22 de setembro. O IAB/RS se solidariza com sua família e amigos.

Fonte: CAU/BR, clicRBS, Estadão Conteúdo

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